🏝️ A premissa:
Edgar Freemantle, sofre um acidente grave que o deixa sem um braço, com lesões cerebrais e um casamento arruinado. Após uma série de surtos (com alguma razão, diga-se), o médico dele sugere que vá para um sítio calmo, pinte uns quadros e tente não bater em mais ninguém. Resultado: muda-se para Duma Key, uma ilha na Florida com um ar muito zen... à primeira vista.
Spoiler: a ilha não é nada zen.
🎨 As personagens:
Edgar Freemantle
O nosso protagonista. Ao início, achei-o difícil de engolir. Mas com o tempo, e com os quadros a ganharem vida (literalmente), comecei a gostar dele. A transformação dele ao longo do livro é uma viagem: de homem destruído para… pintor amaldiçoado com ligações psíquicas e um talento que devia vir com instruções de segurança.
Wireman
Ahhh, o Wireman. Que personagem maravilhosa. Sarcástico, culto, com aquele humor meio seco que me conquistou de imediato. Tem um passado misterioso, vive na ilha para cuidar de uma senhora idosa (já lá vamos) e tem toda uma vibe de “eu sei mais do que estou a contar”. Claramente está ali para equilibrar o Edgar e sim, é um dos melhores “sidekicks” que o King já criou. Quero um spin-off só com ele.
Elizabeth Eastlake
A senhora rica, idosa e com um passado trágico ligado à ilha e à arte. Tem momentos de lucidez intercalados com frases assustadoras. É como aquela avó que diz coisas perturbadoras mas tu deixas passar porque ela também faz bolos. Foi através dela que comecei a perceber que Duma Key é mais do que uma ilha bonitinha. É um lugar com segredos muito mal resolvidos.
Perse
Sim, temos uma entidade misteriosa chamada Perse. Não vou estragar nada, mas posso dizer que se há coisa que o King sabe fazer bem, é dar-nos vilões que não aparecem muito... mas quando aparecem, deixam-nos desconfortáveis durante semanas.
👻 O ambiente:
Duma Key é uma personagem por si só. A ilha tem aquele ar paradisíaco, mas está sempre envolta numa névoa de “há aqui qualquer coisa que não bate certo”. A arte e o sobrenatural misturam-se de forma tão subtil no início que nem dás por isso… até começares a perceber que os quadros não são só quadros.
E há um NAVIO. Um navio fantasma. Que aparece. No mar. A fazer o que navios fantasmas fazem: meter medo. Adorei. Amei. Quero um poster.
✍️ A escrita:
Stephen King a ser… Stephen King. A escrita está no ponto: detalhada, lenta quando tem de ser, envolvente, estranha. Não é um livro cheio de ação, mas há uma tensão constante, como se algo estivesse a espreitar por trás da cortina. O sobrenatural vai-se entranhando devagarinho e quando dás por ti, já estás a pensar se devias mesmo pendurar aquela paisagem pintada na sala.
💭O Veredito:
Não foi amor à primeira página. Mas quando me apaixonei por Duma Key, foi daquelas paixões estranhas e intensas, tipo “sei que isto é um problema, mas não consigo parar”.
É um livro sobre trauma, arte, perda e, claro o poder do mal que se infiltra onde menos se espera. Não é o terror clássico cheio de sangue e sustos, mas sim um desconforto subtil, que se vai agarrando à pele.
Se gostas de King sobrenatural com substância emocional, este é obrigatório.
A Maldição, Stephen King
10/10 ▪︎ 452 Páginas ▪︎ Horror