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Opinião: Sem Tréguas de Stephen King

quarta-feira, 30 de julho de 2025

 

Stephen King regressa com Sem Tréguas, e mais uma vez, Holly Gibney como protagonista. 

A história divide-se em duas linhas que eventualmente se cruzam: de um lado, temos a Holly, contratada para proteger a ativista feminista Kate McKay, alvo de ameaças sérias. Do outro, um assassino que promete matar treze inocentes e um culpado para “corrigir” uma injustiça do passado. E aqui entra um dos grandes trunfos do livro: os vilões.

Vamos por partes:

        Holly continua a crescer como personagem. Mais confiante, mais ativa, mas ainda com aquela insegurança discreta que a torna tão humana. Gosto muito de a ver neste papel mais central, mesmo quando o mundo à volta parece desabar.

        Barbara, sempre sensata, volta como apoio moral e emocional. 

        Izzy, traz tensão e choque inicial com o estilo da Holly. Mas ao longo do livro, essa tensão transforma-se em respeito mútuo.

        Kate, a ativista, é tudo menos passiva. Não é a típica “pessoa a proteger”, e isso torna tudo mais interessante.

        Trig. Brutal. Descompensado. E tão bem escrito que assusta. A voz do pai a ecoar na cabeça dele dá-lhe uma dimensão perturbadora. Ao longo do livro, sentimos a sua instabilidade crescer e é isso que o torna um dos melhores vilões do universo Holly Gibney. 

        Chrissy/Christopher Stewart, o segundo vilão, é mais ambíguo. A linha entre vítima e vilão é mais ténue aqui, e há momentos em que o leitor quase hesita em julgá-lo, mesmo quando devia. O que só mostra a capacidade de King de explorar as zonas cinzentas da mente humana.

Ao longo do livro, King mistura investigação, crítica social e tensão psicológica com a facilidade de quem já faz isto há décadas. Gostei especialmente das referências aos livros anteriores.

O que eu adoro nos livros do Stephen King é que ele atira-te para dentro da cabeça dos vilões e tu ficas lá, desconfortável… mas entretida. Ele escreve de tal forma que, por momentos, até te apanhas a simpatizar com um psicopata. Há capítulos em que estás a torcer por ele, e depois lembras-te que... espera, não é suposto! Mas o King faz isso tão bem que nem dás por ti quando já estás do lado errado da história.

Conclusão?
Não é o melhor do King (ele tem uma fasquia alta), mas também não é o pior. A escrita esta excelente! O ritmo é sólido e o lado psicológico é o que mais se destaca. Temos aqui um thriller psicológico com alma. E sangue. Muito sangue.

Foi viciante desde a primeira página.

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Sem Tréguas, Stephen King
10/10 ▪︎ 472 Páginas ▪︎ Horror

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